Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

photoandando pela vila de palmela

* Victor Nogueira

Palmela

1997

Ainda não descobri se em dias límpidos se avistará Sines, como sucede na torre de menagem do castelo de Palmela, sentinela e guarda avançada no tempo das lutas entre cristãos e muçulmanos (MMA - s/ data [1986.12])
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Palmela é uma vila feia, de ruas estreitas, algo tortuosas e muito íngremes, no cimo das quais se encontra o Castelo, ventoso e com uma vista até um longínquo horizonte. O edifício da Câmara tem uma varanda com arcadas e a sala das reuniões tem o tecto e as paredes com pinturas de má qualidade. O teatro de S. João é imponente, mas faz lembrar uma estação rodoviária. Foi recuperado pela Câmara e tem uma actividade cultural meritória. Ao lado um amplo terreiro e o tradicional coreto onde a banda já raramente toca, para além duma igreja desactivada, onde se fazem agora exposições de arte.

Palmela é terra de muitos moinhos, alguns funcionando, na crista das serras do Louro e dos Barris, e das vistas deslumbrantes até aos confins do horizonte. No termo do município, confinando com o de Setúbal, na encosta duma serra, dois conventos em ruínas, o menos degradado dedicado a S. Paulo, e o mais recôndito invadido pelo matagal. Por caminhos frondosos e verdejantes passeiam sobretudo os setubalenses, que mais abaixo, na "planície", fazem os seus piqueniques, jogam à bola e convivem.

A vila de Palmela pertenceu à Ordem de Santiago, senhora de muitas terras a sul do Tejo. No seu interior situa-se a Igreja do Convento de Santiago. No recinto do castelo escavações arqueológicas originaram núcleo museológico dos vários estratos de ocupação. Da imponente Torre de menagem avista-se a paisagem por muitos quilómetros em redor, até Lisboa. Perto encontra se a necrópole das grutas artificiais da Quinta do Anjo, na serra do Louro, com cerca de 5 mil anos, descobertas por volta de 1870.
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O edifício da Câmara, no cabeço, tem uma varanda de arcadas no piso térreo e uma galeria com retratos dos reis de Portugal no Salão Nobre.
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A Festa das Vindimas realiza-se anualmente na 1ª semana de Setembro, com um cortejo (mais ou menos) histórico, culminando com uma sessão de fogo de artifício, que inclui a "queima"do castelo. (Memórias de Viagem, 1997)


2013

Alcandorada lá no cimo do monte, Palmela como que faz parte de Setúbal, como marca identificadora desta porque de qualquer parte desta se avista qd não encoberta por uma cortina de prédios altos da gestão urbanística desregrada do PS/Mata Cáceres. Mas a verdade é que até ao século XIX setúbal fazia parte do termo da vila dos Freires de Santiago, donos de quase todas as vilas entre o Tejo e o Guadiana.  Na sequência da extinção das ordens religiosas resultante das revoluções liberais, Palmela foi integrada n município de Setúbal, de que se autonomizou em 1926, na sequência do golpe militar fascista de 1926 e por acção das suas elites locais.

E como se estivesse portas adentro Palmela torna-se familiar apesar de "longínqua". No castelo, num local ocupado desde o neolítico, campanhas arqueológicas puseram a descoberto vestígios da ocupação árabe, museologizados. No castelo e numa das torres existe um museu das transmissões (militares); dentro das muralhas da antiga vila persistem as ruínas da Igreja de Santa Maria (século XII), destruída pelo terramoto de 1755, para além do antigo Convento (hoje pousada), da Igreja de Santiago/Museu Municipal e da casa onde nasceu o explorador Hermenegildo Capelo. Na visita à pousada nada de especial me chamou a atenção, salvo uma exposição escultórica no seu claustro. Das muralhas avista-se a paisagem até um horizonte longínquo, incluindo Setúbal, o estuário do Rio Sado, a  península de Tróia e a Serra da Arrábida. Com a perda de importância militar do castelo e fortificações do século XVII a vila desenvolveu-se em torno do Rossio e do Largo da Câmara com o pelourinho, símbolo do poder municipal. Nesta zona se situam as Igrejas de S. Pedro e da Misericórdia e no sopé, o Chafariz de D. Maria I, na encruzilhada dos caminhos para Setúbal, Quinta do Anjo/Azeitão e Moita/Barreiro.

O Largo S. João Baptista, com aprazível miradouro, é um centro onde se encontram a capela que lhe dá o nome, o Teatro de S. João, a Biblioteca municipal, o coreto e a Casa Mãe da Rota dos Vinhos. As igrejas de S. Pedro e da Misericórdia estão interiormente revestidas de interessantes painéis de azulejos e nesta última há um altar joanino.

Situa-se a vila na Rota dos Vinhos (Moscatel de Setúbal) e na dos 3 Castelos (Forte de S. Filipe (Setúbal) e Castelos de Palmela e de Sesimbra. Da gastronomia referem-se a sopa caramela, o coelho com feijão à moda de palmela, o cozido do capado, a galinha acerejada, a manteiga de ovelha e o queijo de azeitão (Quinta do Anjo). Na doçaria citam-se as fogaças de palmela, o bolinho de amêndoa, a pera cozida em vinho moscatel, a tarte de maçã riscadinha, o arroz doce com leite de ovelha, os suspiros e o bolo de família.

vem de entre Vila Nogueira da Azeitão e a Serra da Arrábida




Foto Victor Nogueira - Castelo de Palmela visto do Forte de S. Filipe, em Setúbal




Foto Victor Nogueira - Castelo de Palmela visto de Setúbal


Foto Victor Nogueira - encosta do Castelo de Palmela



Foto Victor Nogueira - vista geral do Castelo de Palmela, igreja de Santiago e antigo Convento


Foto Victor Nogueira - vista geral do Castelo de Palmela e torre de menagem



Foto Victor Nogueira - vista geral do Castelo de Palmela



Foto Victor Nogueira - Castelo de Palmela



Foto Victor Nogueira - Castelo de Palmela



Foto Victor Nogueira - Castelo de Palmela - igreja de santa maria do castelo, cisterna e torre de menagem


Foto Victor Nogueira - Castelo de Palmela - igreja de santa maria do castelo


Foto Victor Nogueira - Castelo de Palmela -torre de menagem


Foto Victor Nogueira - Castelo de Palmela - igreja de santa maria do castelo - pedra tumular 


Foto Victor Nogueira - Castelo de Palmela - igreja de santa maria do castelo



Foto Victor Nogueira - vista da igreja de santiago e da pousada a partir da igreja de santa maria do castelo


Foto Victor Nogueira - vista da igreja de santiago e da pousada a partir da igreja de santa maria do castelo


Foto Victor Nogueira - Castelo de Palmela - acesso à torre de menagem


Foto Victor Nogueira - Castelo de Palmela - acesso à torre de menagem - escadaria interior


Foto Victor Nogueira - vista a partir dum seteira da torre de menagem


Foto Victor Nogueira - vista da igreja de santiago e do antigo convento a partir da torre de menagem


Foto Victor Nogueira - vista da igreja de santiago e do antigo convento a partir da torre de menagem



vista a partir duma seteira





Foto Victor Nogueira - claustro da pousada (antigo convento)



Foto Victor Nogueira - claustro da pousada (antigo convento)


Foto Victor Nogueira - vista do interior do castelo de Palmela


Foto Victor Nogueira - Castelo de Palmela - vista de setúbal



Foto Victor Nogueira - Castelo de Palmela - vista de setúbal



Foto Victor Nogueira - Castelo de Palmela - - animação cultural


Foto Victor Nogueira - vista geral de Palmela a partir do Castelo


Foto Victor Nogueira - vista geral de Palmela a partir do Castelo


Foto Victor Nogueira - vista geral de Palmela a partir do Castelo. Á direita o edifício do teatro de s. joão e, no rossio, a capela de s. joão baptista, do século XVII. Nesse rossio se encontra o coreto (1924)


Foto Victor Nogueira - Palmela - vivenda arte nova na rua gago coutinho e sacadura cabral



Foto Victor Nogueira - Palmela - vivenda arte nova na rua gago coutinho e sacadura cabral



Foto Victor Nogueira - Palmela



Foto Victor Nogueira - Palmela vista do Castelo,  a Igreja de S Pedro


Foto Victor Nogueira - setúbal vista do castelo de Palmela


Foto Victor Nogueira - setúbal e o estuário do rio Sado vistos do castelo de Palmela


Foto Victor Nogueira - Palmela - Castelo



CVRPS-Outdoor-Melhor-Moscatel-do-Mundo bbin http://www.tux-gill.pt/work/folio/#/work/folio/moscatel-setubal/


15 comentários
Comentários

Laura Rijo Obrigada pela partilha Victor. Beijinho
Fatima Mourão Obrigada pela partilha,bjs!
Ana Maria Madail Obrigada pela partilha.. Bjs..
Maria Lisete Almeida Bom dia! Grata pela partilha! Abraço.
Fatima Mourão um beijo e um sorriso  e um bom dia!
Deolinda Figueiredo Mesquita Excelente! Gostei muito. Obrigada 
Maria João De Sousa Grata pela magnífica visita guiada através de uma prosa muito agradável e descritiva e do excelente material fotográfico, Victor Nogueira! O meu abraço!
Joaquim Carmo Abraço grato pela partilha!
Vânia Cairo Prosa mto bem elaborada, querido amigo!!! Adorei-a. Bjo
Jose Manangão Camarada Victor...isto é serviço público, bem hajas!
Donzilia Conceiçao Nem um historiador contava tão bem a história desta cidade, Palmela, e as fotos maravilhosas, obrigada Victor um beijo, um dia destes vou a Setúbal e gostava de te conhecer, se quiseres deixa-me o teu telefone em mensagem privada, vou me encontrar com uma camarada e amiga, beijos
Margarida Ourives Gostei muito. Obrigado Victor
Maria Márcia Marques Não sinta o cansaço da subida, contemple o topo, viva a paisagem, entranhe-se nela, para ser mais leve a descida e não sentir a pequenez do quotidiano….ter chão é ter segurança, mas o topo é a plenitude.

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