Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O Museu da Renda de Bilros, em Vila do Conde


* Victor Nogueira
(texto e fotos)

As rendeiras de bilros existiram em Vila do Conde, Peniche, Setúbal, Lagos e Olhão, e em muitas outras urbes piscatórias, como trabalho complementar nas famílias de pescadores, essencialmene para uso da nobreza e do clero. Trata-se duma actividade artesanal, centenária, condenada à extinção pelo alto custo do produto final, em que a mão-de-obra tem um grande peso, tal como sucede com os tapetes de Arraiolos, numa época de produção industrial massificada, de capital intensivo e de baixos custos. Seria originária da China ou da Índia e, a partir de Itália e dos Países Baixos, foi introduzida em Portugal no século XV, irradiando para o Brasil. Poderia dizer-se que "onde há redes, há rendas".



Tentam as autarquias salvaguardar a arte criando escolas de rendeiras, como sucede em Vila do Conde e em Peniche e outrora em Setúbal, onde aliás nas duas primeiras esculturas homenageiam a arte e suas executantes, as rendeiras de bilros. Sobre a  arte da Renda de Bilros ver http://trajesdeportugal.blogspot.pt/2007/01/arte-da-renda-de-bilros.html


Situado na Rua de S. Bento, a que Rui Belo cantou, a Casa dos Vinhais, solar do século XVIII, alberga desde 1991 o Museu de Rendas de Bilros. Para além das salas de exposição, no edifício funcionaa a Escola de Rendas de Bilros e, num recanto, junto ao quintal, três rendeiras tecem a sua obra e autorizam-me que as fotografe. Uma das salas divulga vestuário feminino contemporâneo com aplicações de renda: trata-se duma exposição temporária denominada "Magia dos Bilros - Celeste Ferreira", 


Segundo o site da CM de Vila do Conde "a coleção é composta por todo o tipo de instrumentos e materiais utilizados na produção das Rendas de Bilros, dela fazendo parte belos exemplares de Rendas de Bilros, desenhos, piques  e documentos vários. Merece ainda referência a coleção de bilros e almofadas estrangeiras, testemunho dos sucessivos contactos com centros produtores além-fronteiras.

A exposição permanente para além de apresentar a tradicional renda vilacondense, expõe, simultaneamente, várias rendas contemporâneas, fruto de um conjunto de atividades desenvolvidas com outros centros produtores de rendas na Europa, bem como de inúmeros trabalhos concebidos por estilistas nacionais."



































































fotos em 2016.11.03





fotos em 2016.09.23



Monumento à rendeira de bilros, em Peniche (in http://anovaericeira.blogspot.pt/2011/08/as-rendeiras-de-peniche.html)


Dentellière aux fuseaux des Cévennes


 A Rendeira, de Johannes Vermeer

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