Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Cós, nos Coutos de Alcobaça

* Victor Nogueira

1998.02.22

De Maiorga a Cós abundam oliveiras, sobreiros, pinheiros bravos e eucaliptos, numa zona montanhosa.

Chãos de Aljubarrota e Castanheira

Entre Castanheira e Chãos de Aljubarrota, a dois km de Cós, encontra‑se uma capela da Senhora da Luz, alpendrada, aqui se realizando as festas da Senhora da Luz ou dos pinhões, em 16/17 de Novembro.  Em Chãos de Aljubarrota um painel de azulejos na fachada dum largo desafogado reproduz uma igreja (Ermida de N. Sra. das Areias ?). No campo um burrico pasta calmamente. Ninguém sabe que ali foi a batalha de Aljubarrota, o que não admira, pois verifiquei posteriormente ser engano meu. (Notas de Viagem, 1998.02.22)






Capela da Senhora da Luz em Chãos de Aljubarrota. N. Sra da Luz aparece milagreira ou como orago em muitos outros sítios: Carnide (Lisboa) e em povoações dos Coutos de Alcobaça, como  Trabalhia, Alvorninha, Santa Rita (Cós) ... e  nesta, como em Carnide, há também uma lenda da descoberta duma escultura milagrosa.


Ermida de Nossa Senhora das Areias e cruzeiro em Chãos de Aljubarrota.  Este templo foi outrora um local de grande romagem particularmente por doentes de febre e outras maleitas.


Capela de Santa Maria, tipo Igreja-salão maneirista, em Castanheira




                Cós  

Foi esta uma importante povoação, possivelmente de origem fenícia, hoje conhecida por nela restar a sumptuosa igreja do antigo convento das monjas bernardas, ligadas à ordem de Cister, toda forrada de azulejos do Juncal, do século XVII, e dividida a meio por uma grade de clausura em talha dourada, como o belo altar‑mor; contrastante a penumbra convidando ao recolhimento com a exuberância do policromismo dos azulejos que revestem as paredes de alto a baixo e o dourado do altar-mor. O coro está ladeado por cadeirões, havendo um portal manuelino ao fundo e defronte do altar‑mor. Na sacristia, que não visitámos, em painéis de azulejos conta‑se a história de Bernardo de Claraval. A visita foi possível porque numa venda defronte nos foi facultada a chave da igreja. No adro da igreja, onde sobressaem palmeiras, uma lápide regista o nome dos filhos da terra mortos na Guerra de 1914/18. A pintora Josefa de Óbidos havia pintado alguns quadros para o Convento, dispersos após a extinção das Ordens Religiosas na sequência das Revoluções Liberais do século XIX.

Perto passa um riacho - era nesta povoação que as lavadeiras tratavam da roupa dos frades de Alcobaça - e para o centro da povoação numa antiga adega preservada está neste dia patente uma exposição de quadros variados, alguns deles interessantes. A povoação, outrora importante devido à riqueza dos campos, possui uma igreja de  Santa Eufémia, outrora ligada à Misericórdia. Do pelourinho não restam vestígios.

Da toponímia retenho apenas as ruas das Monjas de Cister, da Escola  e do Celeiro.  

Da povoação, situada num vale, avista‑se a capela de Santa Rita, no cimo duma colina, com as armas dos Abades de Alcobaça e do Rei na frontaria. Trata‑se dum sítio aprazível, arborizado, com ampla vista sobre o vale e as montanhas em redor, perdendo‑se no horizonte.  (Notas de Viagem, 1998.02.22)




vista geral  








casario e ruas da povoação








adega



Solar do Outeiro em Maiorga



vista geral da Igreja do Convento de Cós







Imagem de S. Bernardo



Imagem de S. Bento







memorial aos filhos da terra mortos na I Guerra Mundial



ruínas do dormitório e claustro










Mosteiro de Santa Maria de Cós






Santa Rita


Ermida do Bom Jesus do Calvário de Cós (vulgo Capela de Santa Rita)


campos agrícolas





Cós e o Mosteiro vistos de Santa Rita

Montes


Pertencendo a Alpedriz, encontra se a povoação de Montes, por onde andaram os romanos, sendo visível a Igreja de S. Vicente, de traça moderna, em cuja fachada se encontra gravada uma lista dos filhos da terra mortos na I Guerra Mundial. No interior do templo a via sacra está representada por baixo relevos polícromos, e no exterior, sobre um pilar de prata, encontra se uma imagem de Santa Maria.

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